Faixa polêmica de Neymar ganha até dos “travestis de Ronaldo”
O jornalista Xico Sá fez uma comparação curiosa durante o programa Redação Sportv desta terça-feira, 9, sobre a chamada “crucificação de Neymar”, na imprensa mundial e nas redes sociais.
O comentário foi relacionado à polêmica faixa “100% Jesus” que o craque usou ao final da Champions League, no último sábado. E Sá foi muito espontâneo: “Ronaldo pegou um travesti na terça-feira e, no domingo, era absolvido pelo Fantástico”, disse.
Segundo a mesa redonda, também formada por André Rizek e David Butter, Neymar é sempre notícia em tudo o que faz - até mesmo bobagens -, e suas atitudes repercutem muito mais do que as de qualquer outro atleta no mundo hoje.
Rizek completou: “Se a faixa estivesse na testa de Daniel Alves, a polêmica não seria tamanha”. Butter falou também sobre “certas etiquetas da competição” e o incômodo exagerado que o jogador causa.
O debate no programa começou por conta da exibição de matérias de jornais nacionais e internacionais sobre o assunto - o francês Le Figaro chegou a acusar o jogador de proselitismo religioso.
Só pressão de fora muda a CBF
Dois acontecimentos neste começo de semana mostram que, mesmo após o escândalo de proporções internacionais que atingiu a Fifa e colocou José Maria Marin na prisão (na Suíça), poucas coisas devem mudar no futebol brasileiro se não houver uma forte pressão vinda de fora. Porque, se depender da CBF e dos clubes, as mudanças serão todas no sentido da acomodação de interesses.
Com as denúncias atingindo a CBF em cheio, chegamos a imaginar que um movimento possível dos clubes seria a união para a criação de uma liga profissional para tirar da CBF o poder sobre a organização das competições. Ilusão. Na segunda-feira, Marco Polo Del Nero se reuniu com os presidentes dos clubes e a principal decisão, anunciada em nota oficial da entidade, foi “reforçar a unidade em torno do futebol brasileiro”. Nada mais simbólico.
Os clubes utilizaram a ideia da liga, e a pressão em torno da CBF, muito mais como poder de barganha para garantir mais poder dentro da entidade no que diz respeito à organização dos campeonatos e na definição do calendário. Nada de cobranças sobre as denúncias. De acordo com a Folha de São Paulo, “Del Nero não foi questionado sobre sua atuação à frente da CBF, nem sobre seu envolvimento com denúncias de corrupção”.
A nota oficial da reunião ainda reafirmou a união de clubes e CBF contra a Medida Provisória 617, que cria exigências para os clubes renegociarem suas dívidas com a União. E arrematou destacando que a CBF e os clubes trabalharão para a “divulgação massiva das medidas transformadoras do futebol brasileiro em andamento, com agenda positiva das ações”.
(Del Nero conversou com deputados nesta terça. Foto: Alex Ferreira/Câmara)
Nesta terça-feira, Marco Polo Del Nero passou a tarde conversando com deputados da Comissão de Esportes da Câmara. Um dos poucos a pressioná-lo, o gaúcho João Derly (PCdoB) perguntou se Del Nero saberia quem poderia ser o “co-conspirador 12” no inquérito do FBI, apontado como dirigente de alto escalão da CBF, da Conmebol e da Fifa. Apesar do longo período de “sabatina”, deve ter sido uma tarde agradável para Del Nero, presidente da CBF e membro dos comitês executivos da Fifa e da Conmebol, que teve oportunidade para se defender de acusações e foi elogiado diversas vezes por alguns deputados. Houve até momentos de pura descontração.
Estes dois acontecimentos da semana mostram como o trabalho da CBF, de acomodação de interesses e mudanças pontuais para a preservação da estrutura, tem respaldo nos clubes e em uma parcela considerável do Congresso. Resta saber o que poderá fazer a CPI protocolada por Romário no Senado.
Se quisermos ver devassadas as contas da CBF, os contratos de transmissão de competições, as relações com patrocinadores da seleção e saber mais sobre o eventual recebimento de propinas, teremos que esperar por novos indiciamentos da investigação empreendida pelo FBI.
Se quisermos mais transparência na CBF, responsabilidade financeira dos clubes, um calendário que permita o fortalecimento dos clubes pequenos, vamos precisar de uma força vinda de fora do contexto dos clubes e da CBF. Neste caso, o Bom Senso FC deveria sair da posição de mero divulgador de comunicados: o movimento divulgou nota exigindo a renúncia imediata de Del Nero, mas o presidente da CBF deu de ombros, foi apoiado pelos clubes e declarou na Câmara que não renunciaria. O momento exige uma postura mais ativa dos jogadores, como na época dos braços cruzados em 2013.
Só pressão de fora muda a CBF.
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