Leonardo Picciani é destituído da liderança do PMDB na Câmara.
Perfil mais alinhado ao Planalto incomodou ala pró-impeachment, destituição é derrota para o governo
O deputado Leonardo Picciani (RJ) foi destituído da liderança do PMDB na Câmara nesta quarta-feira (9), curiosamente 30 minutos após 35 deputados que são favoráveis ao impeachment da presidente Dilma Rousseff protocolarem na Secretaria-Geral da Mesa Diretora um pedido de saída do parlamentar. Quem assume é a liderança do partido é o deputado Leonardo Quintão (MG).
Apontado no início do ano como pupilo de Eduardo Cunha, Picciani se afastou gradualmente do presidente da Câmara e ganhou confiança do Planalto. Na reforma administrativa e ministerial, foi responsável pela indicação da pasta com o maior orçamento da Esplanada, a da Saúde. Na conta de Picciani esteve também a indicação do ministro de Ciência e Tecnologia.
Nos últimos dias, a insatisfação da ala pró-impeachment do PMDB ganhou novos ingredientes, diante da tentativa de Picciani de nomear apenas peemedebistas favoráveis ao arquivamento do processo de impedimento de Dilma para a Comissão Especial que julgará o pedido.
O governo sofreu um novo revés na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira, imposto pela maioria dos deputados do PMDB que decidiu trocar a liderança da bancada, antes alinhada ao Executivo, justamente no momento em que o Planalto precisa de aliados na Casa para barrar a abertura de um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.
Deputados do PMDB protocolaram um requerimento em que mais da metade da bancada pediu a saída de Leonardo Picciani (RJ) da liderança e anunciaram que o novo líder será Leonardo Quintão (MG).
Sob a promessa de chamar todos os integrantes de um dos maiores partidos da Casa para conversas, o novo líder do PMDB afirmou que qualquer posicionamento da bancada será tomado a partir do sentimento da maioria de seus membros.
Questionado sobre a posicionamento em relação à abertura do processo de impeachment, Quintão limitou-se a repetir que a decisão será tomada a partir da maioria da bancada.
“Na sua pergunta específica, eu não tenho posição para lado A ou lado B, e irei tomar a decisão na tribuna da Câmara mediante a decisão da maioria do partido”, disse Quintão a jornalistas.
A atuação de Picciani passou a enfrentar resistências na bancada, principalmente durante a discussão de indicações de nomes do partido para uma reforma ministerial em outubro. Ao adotar postura mais alinhada ao Planalto, entrou na linha de tiro de dissidentes do PMDB que, aliados à oposição, apresentaram uma chapa alternativa para a composição de uma comissão especial que analisará a abertura de processo de impeachment da presidente.
“O líder anterior, jovem, nós o respeitamos, comandou a bancada em momentos muito difíceis... Mas ele fez uma ligação absolutamente direta com a presidenta Dilma”, explicou o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS).
“O PMDB tem uma proposta, uma agenda nova, que o outro líder não valorizou... O PMDB é o único partido que está dizendo ‘nós temos um líder para assumir a Presidência, um nome preparado para reunificar o país', e mais do que isso nós estamos com uma agenda para o futuro”, disse Perondi.
Segundo a Secretaria-Geral da Mesa, a decisão da bancada ainda precisa ser formalmente aceita pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mas o deputado é um dos 35 nomes que assinaram o documento pela troca da liderança.
Na terça-feira, o governo foi derrotado na Câmara com a aprovação da chapa alternativa para a comissão especial do impeachment, construída a partir de aliança de peemedebistas contrários a Dilma, oposição, e outros integrantes rebeldes da base aliada.
Jornalista/Repórter. Rubenn Dean. rj. " Perfil mais alinhado ao Planalto incomodou ala pró-impeachment, destituição é derrota para o governo. "
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