Paes admite errado em ter nomeado Rodrigo Bethlem para secretarias.

Ex-secretário de Assistência Social é acusado de receber propinas de ONGs.

Justiça determina bloqueio de bens do presidente da Câmara do Rio de Janeiro

Dinheiro movimentado por Jorge Felippe e Rodrigo Bethlem no exterior deve ser repatriado ao Brasil a mando da Justiça

A Justiça determinou o bloqueio dos bens do presidente da Câmara dos Vereadores do Rio, Jorge Felippe (PMDB), nesta terça-feira. Esta decisão faz parte de uma ação movida pelo Ministério Público (MP) para investigar supostos desvios do ex-secretário de Assistência Social, Rodrigo Bethlem, também do PMDB, na prefeitura do Rio de Janeiro.

Todo dinheiro movimentado pelos dois no exterior deve ser repatriado ao Brasil, de acordo com determinação da Justiça. O juiz Alexandre de Carvalho de Mesquita, da 3ª Vara de Fazenda Pública, decretou a quebra do sigilo bancário de Bethlem, Jorge Felippe e também de Pedro Henrique Mairing e das empresas Homero Develomende, Ranchester e Scolette Group. Segundo o MP, essas empresas são contratadas por eles nas Ilhas Virgens britânicas e no Panamá. 

O Ministério Público do Rio localizou cinco contas na Suíça em que Rodrigo Bethlem aparece como controlador e, entre 2011 e 2014, passaram por lá R$ 2,1 milhões.

Nesta segunda-feira, o presidente da Câmara do Rio admitiu que tinha uma conta na Suíça até 2011. Jorge Felippe divulgou um extrato bancário mostrando que a única quantia depositada na conta teria sido estornada. Rodrigo Bethlem nunca declarou a existência de contas no exterior à Justiça Federal.

O prefeito Eduardo Paes esteve em Campo Grande, na Zona Oeste, para o início das obras de construção de uma Clínica da Família. Questionado sobre a descoberta de cinco contas na Suíça controladas pelo ex-secretário de Assistência Social da prefeitura do Rio, Rodrigo Bethlem, Paes reconheceu ter apostado nele também em outras secretarias, como Ordem Pública e de Governo.

"Na hora que você nomeia uma pessoa para uma função pública e essa pessoa comete um desvio, é um erro que você comete. Todos nós estamos sujeitos a esse erro e o problema é insistir no erro. Nós não vamos ser coniventes e nem passar a mão na cabeça com quem desvia recursos públicos", garante.

Paes afirmou que se as denúncias contra Bethlem forem comprovadas, ele terá que ser punido. "Pra mim é um absurdo, um escândalo. Qualquer pessoa que trate mal o dinheiro público, cometa crime, tem que pagar pelos seus erros. E acho que é o que está acontecendo com ele. É lamentável que isso tenha que acontecer", afirma o prefeito, garantindo que está tomando providências para recuperar o dinheiro desviado.

"A prefeitura já entrou com as ações competentes aqui na cidade do Rio de Janeiro, no Fórum da capital e vamos até a Suíça para recuperar esses recursos para o município", promete.

Entenda o caso

Em julho do ano passado, foi revelado um suposto esquema de corrupção envolvendo Rodrigo Betlhem. A empresária Vanessa Felippe gravou conversas em que o ex-marido revelaria ter aberto uma conta na Suíça e que também conseguira montar um supersalário de R$ 85 mil a R$ 100 mil com desvio de dinheiro de convênios feitos pelo município, inclusive do Programa Bolsa Família.

As conversas teriam sido gravadas, em 2011, no apartamento de Vanessa, na Barra da Tijuca. O casal estaria naquele momento acertando detalhes do divórcio. A empresária instalou câmeras por todo o apartamento.

“Você está careca de saber que fui à Suíça abrir uma conta. Não seja hipócrita”, teria dito o parlamentar, numa das gravações.